(Para) Sempre

Mente-me; diz-me que o tempo não te levará,
Que estas rugas que vejo são flores que desabrocham em nós;
Lembra-me que os espelhos nunca foram de se fiar.
Despe-me e vê o meu corpo delgado e frágil,
Traçado a vinil – não a carvão –
E deseja-me, mostra-me o amar efervescente
Dos dias de ontem.
Solto o cabelo que se enevoou;
Seco, frágil,
Mas sempre o foi!
Somos tão iguais ao que éramos
Envelhecemos sem sequer crescer?
Ainda passo noites em branco
Ainda detesto fraldas e água-pé.
Chama-me moça;
A minha ingenuidade nunca foi maior.
Por o saber torno-me velha?
O meu vestido de linho claro não cheira a naftalina.